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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

De adolescente a adulto

A vidinha de estudante ia seguindo, com o aprendizado de viver sozinho. Namoricos, cineminhas e finais de semana, as vezes na fazenda para ver os pais e outras em Santa Leopoldina para rever os tios e amigos. Afinal a agricultura do café prosperava com a produção crescente e o preço da saca, cotada em libras, também. O seu irmão Amintas, já estudava direito no Rio de Janeiro, onde fez grandes amigos. Tudo ia muito bem, até que veio a crise de 1929 e tudo desabou. A partir daí os produtos da agricultura, desde o princípio dos anos 1930, era vendida a preços inferiores aos custos de produção. No Brasil, a queda nas exportações de café caiu mais da metade entre 1929 e 1932. O preço do produto despencou um terço em 1931. O Brasil foi o primeiro país latino-americano a introduzir o controle do câmbio e outras medidas diretas da mesma natureza, combinados com a desvalorização da moeda, reduzindo as importações em cerca de dois terços. Muito café, porém, foi queimado como po...

Do primeiro Emprego a Empreendedor.

Com dezoito anos, prestou Concurso Público Técnico Judiciário para trabalhar como auxiliar do escrevente no Cartório local, em Santa Leopoldina. Como tinha boa letra e bom de papo, logo ganhou a confiança do escrevente e do Juiz da comarca. Gostava de viajar para o interior, onde eram lavrados escritura, testamentos e outros assuntos judiciais. Estas viagens proporcionavam um extra de diárias que eram poupadas porque eles pernoitavam sempre nas casas dos colonos. A viagem era cansativa pois eram realizadas a cavalo, porque não existiam estradas. As viagens duravam uma semana. Com salário curto, os funcionários públicos da época, eram chamados de "barnabés". Já noivo da Conceição, não via no Cartório, a possibilidade de crescimento rápido, devido a toda a burocracia de promoções. Por conseguinte, sabia que não podia arcar com uma família com os seus rendimentos.   Percebeu uma oportunidade de negócio. O dono da padaria local, estava se desfazendo do negócio, uma vez que reso...

A noiva Conceição

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Conceição Reis Lavourinha, nasceu em Cordeiro, município do Estado do Rio de Janeiro, no dia 15 de novembro de 1923. Era a quarta filha de um total de sete, o casal Francisco Gomes Lavourinha e Hortência Reis Lavourinha. Os seus irmãos eram: Celestina (Ceci), Geraldo, José, Maria do Carmo (Marita), Emanuel (Manu) e uma pequena que morreu ainda bebê. Moravam na Fazenda da Batalha. Na verdade, seu sobrenome deveria ser Gomes. Avô dela. seu Gomes, português, gostava de fazer pequenas lavouras talvez com a vontade de diversificar e se proteger das variações de preços dos produtos agrícolas. Por isto era conhecido como Lavourinha. Nasciam os filhos e o Tabelião já sabia que eram filhos do Lavourinha e mandava o sobrenome. Portanto, por ser uma família relativamente nova, todos os Lavourinhas são meio parentes. Uma tia dela, Haidê, que morava em Amorés, Minas Gerais, e não tinha filhos com o marido, pediu a irmã que deixasse as meninas já mocinhas, Conceição e Marita, passassem uma tempo...

Casamento

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O casamento foi na Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Ingá, Niterói, o dia 23 de junho de 1945, as 19 horas, celebrado pelo Padre Baltasar , um português muito simpático. Presentes padrinhos, familiares e amigos da noiva. A Turma de Santa Leopoldina, do lado do noivo, em “Petit Comité”, composta de amigos e parentes, em razão da viagem longa e onerosa. A comemoração, no salão anexo da igreja, foi rápida porque os noivos tinham que pegar a última barca para o Rio. Ficaram hospedados no Rio Hotel na Praça Tiradentes, chique na época e hoje remodelado (2016). Foi uma semana muito feliz com idas a teatro, o Cassino da Urca, musicais e até um bate/volta a Petrópolis para conhecer a cidade e o Museu Imperial.  Mas como tudo de bom dura pouco, retornaram, no sábado da 30, de trem para Vitoria, no vagão leito.  Na chegada, seu cunhado Otto os esperava para levá-los a Santa Leopoldina. Na segunda feira, de novo no batente do Cartório.

Aymorés é para aí que eu vou

Depois do casamento, e já instalado em sua casa em Santa Leopoldina - ES, foi tocando a padaria, com o gerente Murilo e o seu emprego no Cartório da cidade. O tempo foi passando e os filhos chegando. Primeiro o Roberto, dois anos depois o Paulo e finalmente, depois de cinco anos, a menina esperada não veio. Chegava o Jacques. Com novos planos, decidiu comprar com o cunhado Otto, a outra padaria da cidade, de forma a fazer um monopólio. O negocio não deu certo e a sociedade desfeita. Aborrecido com o fato, resolveu reavaliar uma proposta dos tios da Conceição, que não tinham filhos e já velhos e sozinhos, gostariam de ter parentes próximos para apoia-los no que fosse necessário. Como o casal tinha recursos, a proposta parecia tentadora. Enviou uma carta ao casal e embarcou no trem da Estrada de Ferro Vitoria Minas rumo a Aimorés, uma cidade mineira na divisa com o Estado do Espírito Santo, as margens do Rio Doce. Uma cidade pequena é extremamente violenta. Lá chegando foi bem recebido...

Próxima parada - Vitoria

Próxima parada – Vitoria – ES  Vidinha passando, usufruindo dos ganhos obtidos com o contrato de fornecimento de pães para a construtora da Usina Hidroelétrica de Rio Bonito. Comprou o primeiro carro, uma caminhonete Studebaker usada. Aprendendo a dirigir com o Darly, o faz tudo da padaria e da casa. Meninos crescendo. Agora três filhos: Roberto, Paulo e o Jacques, já que a menina esperada não veio. Compraram uma Electrola, era assim mesmo a grafia, sonho de consumo das famílias Leopoldinenses. Noites de fins de semana em casa na casa dos amigos ou no Clube, comerciantes locais, juiz, promotor, médico da cidade, delegado, o padre. Enfim a sociedade local, reuniam-se para ouvir músicas, discutir política e futebol, enquanto as madames fofocavam as novidades da cidade e de seus habitantes. A construção da Usina estava terminando e já se avistava a montagem das torres de transmissão em direção a Vitoria o centro consumidor de energia. Num bate papo com o médico e fazendeiro da ci...

A Padaria

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A Padaria Como mencionei anteriormente, Jucutuquara era um bairro classe média e funcionava como uma mini cidade, com duas padarias, armazéns, cinema, barres, escola primaria e escola Técnica, estádio de Futebol do Rio Branco, pensões e até mesmo uma Boate, o Bar Rock. Todos se conheciam, tais como seu Orestes do armazém, seu Rui da barbearia, Reginaldo da quitanda que também fazia jogo do bicho, seu Vitalino da empresa de ônibus, Dr. Inácio da farmácia, o China da lavanderia, o Deputado Antônio, seu Gentil delegado, Alcibíades enfermeiro da farmácia, Dr. Leão que tinha o consultório em casa e mesmo o padre Barros. Por isto mesmo qualquer fato novo era imediatamente conhecido por todos e daí as fofocas e mexericos. A padaria do Jajá disputava a freguesia com a do seu Armando. As preferencias eram muito fortes e a disputa grande, mesmo em época que os pães eram produzidos na mesma unidade e pelos mesmos padeiros. Isto ocorria em época de manutenções e reformas onde os propr...