Aymorés é para aí que eu vou
Depois do casamento, e já instalado em sua casa em Santa Leopoldina -
ES, foi tocando a padaria, com o gerente Murilo e o seu emprego no Cartório da
cidade. O tempo foi passando e os filhos chegando. Primeiro o Roberto, dois
anos depois o Paulo e finalmente, depois de cinco anos, a menina esperada não
veio. Chegava o Jacques. Com novos planos, decidiu comprar com o cunhado Otto,
a outra padaria da cidade, de forma a fazer um monopólio. O negocio não deu
certo e a sociedade desfeita. Aborrecido com o fato, resolveu reavaliar uma
proposta dos tios da Conceição, que não tinham filhos e já velhos e sozinhos,
gostariam de ter parentes próximos para apoia-los no que fosse necessário. Como
o casal tinha recursos, a proposta parecia tentadora. Enviou uma carta ao casal
e embarcou no trem da Estrada de Ferro Vitoria Minas rumo a Aimorés, uma
cidade mineira na divisa com o Estado do Espírito Santo, as margens do Rio
Doce. Uma cidade pequena é extremamente violenta. Lá chegando foi bem recebido
e o casal estava construindo uma nova casa de sobrado com uma loja na parte
inferior, perfeita para uma padaria. Entusiasmado, pois o tio da Conceição,
pediu ao engenheiro da obra, que fizesse o que Jair precisasse para a nova
padaria. Voltou para Santa Leopoldina e contou a novidade para Conceição.
Cética, ela o ouviu a novidade, ja que tinha morado com os tios e sabia
principalmente do temperamento da tia. Jair já tinha uma proposta para a
padaria. O pretendente não era do ramo, mas interessado no movimento do negócio,
fez uma proposta irrecusável. Jair não perdeu tempo. Vendeu a padaria, pediu
licença sem vencimentos no Cartorio, contratou a mudança, fechou a casa e se
mandou. Levou junto o gerente Murilo e o seu melhor padeiro, para começar a
nova padaria em Aimorés. Conceição, as crianças e a babá do Jacques, Isaura,
foram de trem. Jair chegou primeiro com a mudança e teve um susto. A loja, onde
seria a padaria, estava alugada para um armazém. Embora muitas desculpas tenham
sido dadas, eles tiveram que se alojar no porão da casa dos tios. Conceição não
se conformou e queria sua própria casa. Jair com recursos, comprou uma padaria
e alugou uma casa. Mudaram-se várias vezes, em razão das disponibilidades dos
imóveis, sempre por pouco tempo. Para piorar, provavelmente em razão do não
tratamento de águas, a época, o Jacques, então com um ano, contraiu uma doença
onde vômitos e diarreias eram constantes. O médico da cidade era funcionário da
Estrada de Ferro. De Vitoria, era conhecido do Jair. Ele visitava a criança
todos os dias, mas não dava esperança. Ele chamava Conceição de onça, em razão
de como ela brigava pela saúde do filho. Para ajudar, a irmã do Jair, Ester,
foi para Aimorés. O negócio ia bem, mas eles não estavam felizes. Sentiam falta
de Santa Leopoldina e os amigos. Numa cidade violenta, eram comuns tiroteios
nas ruas. Numa ocasião, os garotos mais velhos, Roberto, com seis e Paulo, com
quatro, brincavam em frente à casa, quando um policial e um bandido, trocaram
tiros, com as crianças no meio. O bandido foi morto e o policial ferido. Foi o
bastante para Conceição resolver voltar, o que ocorreu logo depois. Jair ainda
ficou. Ficaram menos de um ano. Como a padaria ia bem, tinha um interessado com
uma proposta ótima. Mas com a condição de que o gerente e o padeiro ficassem, pelo menos por três meses. Jair fechou o negócio é pegou o trem e voltou
para Santa Leopoldina. A pessoa que tinha comprado a padaria, que não ia bem,
estava desesperado para vender, em razão do seu não conhecimento do negócio.
Comentários
Postar um comentário