A noiva Conceição
Conceição Reis Lavourinha, nasceu em Cordeiro,
município do Estado do Rio de Janeiro, no dia 15 de novembro de 1923. Era a
quarta filha de um total de sete, o casal Francisco Gomes Lavourinha e
Hortência Reis Lavourinha. Os seus irmãos eram: Celestina (Ceci), Geraldo,
José, Maria do Carmo (Marita), Emanuel (Manu) e uma pequena que morreu ainda
bebê. Moravam na Fazenda da Batalha. Na verdade, seu sobrenome deveria ser
Gomes. Avô dela. seu Gomes, português, gostava de fazer pequenas lavouras
talvez com a vontade de diversificar e se proteger das variações de preços dos
produtos agrícolas. Por isto era conhecido como Lavourinha. Nasciam os filhos e
o Tabelião já sabia que eram filhos do Lavourinha e mandava o sobrenome.
Portanto, por ser uma família relativamente nova, todos os Lavourinhas são meio
parentes. Uma tia dela, Haidê, que morava em Amorés, Minas Gerais, e não tinha
filhos com o marido, pediu a irmã que deixasse as meninas já mocinhas,
Conceição e Marita, passassem uma temporada com o casal. A Marita retornou e a
Conceição foi ficando, as voltas com a escola e ajudando nos serviços da casa,
junto com a tia. Um belo dia, o tio, levou a sobrinha ao estádio de futebol da
cidade, onde os times de duas cidades, disputavam um amistoso. A seleção de Amorés
e a de Santa Leopoldina no Espírito Santo. Ocorre que Jair, o seu futuro noivo,
estava no grupo, na comissão técnica. Do campo ele pode perceber uma linda
morena de olhos azuis, então com 15 aos e ele 17. No intervalo do jogo ele deu
um jeito de falar com a garota, mesmo com o tio protetor. Marcaram de tomar um
sorvete e conversaram bastante. Mas no domingo ele teve que retornar para Santa
Leopoldina, pois estava se preparando para fazer concurso público de escrivão
do Cartório Local. Os livros de escrituras eram feitas à mão. Como ele tinha
uma boa letra e uma boa conversa, passou no Concurso. O destino não falha. No
final do ano, no início das férias, os tios de Conceição resolveram passar o
verão na casa da irmã de sua tia, que morava justo em Santa Leopoldina. Numa
cidade pequena, logo ele percebeu que a garota que ele achava que era
portuguesa, estava na cidade. Daí o namoro começou. Com o tio era muito brabo,
eles tinham um código. Toalha branca no varal no quintal, maravilha. Toalha
vermelha nem pensar. Infelizmente o verão acabou e eles tiveram que voltar.
Logo em seguida, Conceição voltou para a casa dos pais em Cordeiro. Jair
apaixonado, mandava cartas para a namorada duas vezes por semana. Pediu para ir
vê-la e conhecer os pais. Pegou um trem da Estrada de Ferro Leopoldina, em
Vitória com destino a Niterói, a capital do Rio de Janeiro. Próximo ao destino,
ele fazia baldeação na estação de Porto das Caixas e esperava o trem com destino
a Friburgo e Cordeiro. Embora o trem fosse confortável, com carro leito e
restaurante, a viagem era cansativa e durava 24 horas. Tirou uma semana de
folga autorizada pelo Juiz Dr. Olavo, as que sempre solicitava que ele
trouxesse umas comprinhas do Rio de Janeiro, então capital do país. Ele pegou
uma pensãozinha no centro de Cordeiro e já partiu para ver a namorada. Conheceu
a mãe Dona Hortência. O Pai Francisco estava viajando. Conceição perguntou a
mãe sobre o namorado ao que ela respondeu que parecia um bom rapaz, mas muito "capiau".
Lógico porque ele sempre morou na fazenda e no interior. Depois de 4 dias ele
pegou um trem para o Rio de Janeiro, para fazer as compras do Juiz e passear um
pouco na Capital Federal. Gostava de ficar em Hotéis na Praça Tiradentes porque
ficava próximo à Cinelândia onde a vida noturna bombava com cinemas teatros e
cassinos como o da Urca, que ele gostava de frequentar. Normalmente ele vinha
com um amigo que o aguardava no Rio, enquanto ele ia visitar a namorada. Logo
depois dele retornar para Santa Leopoldina, ele acordou assustado. Morava num
cômodo encima do cartório com acesso direto para rua por uma escadaria. O Juiz
autorizou que ele usasse o local. Eram 3 horas da manhã e ele percebeu uma
pessoa toda de branco, ao lado de sua cama. Ele levantou assustado e o vulto
sumiu. Ele desceu rapidamente a escada, achando que tinha deixado a porta
aberta, já que tinha chegado muito cansado. Verificando que a porta estava
trancada o cabelo arrepiou. Ele pensou em assombração. As pessoas do interior
acreditam nisso. Subiu rapidamente a escada pegou o colchão e o travesseiro e
foi dormir na padaria em frente, já que aquelas horas os funcionários já
estavam no preparo dos paizinhos que seriam vendidos pela manhã. Levantou,
tomou um banho e foi para o Cartório ao lado. Pouco depois do almoço, recebe um
telegrama informando que o pai da namorada Conceição tinha falecido. Ele tinha
pouco mais de 50 anos e teve um acidente sério. Montado num cavalo ele instruía
os empregados a cortar uma árvore frondosa, para abrir espaço para novas
lavouras. A árvore caiu em cima dele e o cavalo. Foi internado em Friburgo, mas
uma infecção começou e a penicilina descoberta por Alexander Fleming, bacteriologista do St. Mary Hospital, de
Londres. Foi disponibilizada nos Estados Unidos nos anos 40 e era impossível importar a tempo.
Como a fazenda estava no nome da Avó, mãe do seu pai Francisco, as coisas não
ficaram bem. Como os filhos maiores e adultos já trabalhavam em Niterói a mãe,
Dona Hortência, partiu com os 3 filhos, Conceição, Marita e Manu para uma casa
que os outros filhos alugaram para eles. Conceição, então com 19 anos, ficou
deslumbrada com a Praia, os cinemas, o Cassino Icaraí e a cidade. Gostava de
andar de motocicleta na Praia de Icaraí com amigos e namoricos, já que Jair só
vinha 2 a 3 vezes por ano, mas trocando correspondência toda semana. Face aos acontecimentos, a
primeira visita do Jair ele pediu Conceição em casamento ao seu irmão mais
velho Geraldo. E vieram as comemorações.
ARVORE GENEALÓGICA FAMÍLIA LAVOURINHA
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