Do primeiro Emprego a Empreendedor.
Com dezoito anos, prestou Concurso Público
Técnico Judiciário para trabalhar como auxiliar do escrevente no Cartório
local, em Santa Leopoldina. Como tinha boa letra e bom de papo, logo ganhou a
confiança do escrevente e do Juiz da comarca. Gostava de viajar para o
interior, onde eram lavrados escritura, testamentos e outros assuntos
judiciais. Estas viagens proporcionavam um extra de diárias que eram poupadas
porque eles pernoitavam sempre nas casas dos colonos. A viagem era cansativa pois
eram realizadas a cavalo, porque não existiam estradas. As viagens duravam uma
semana. Com salário curto, os funcionários públicos da época, eram chamados de "barnabés". Já noivo da Conceição, não via no Cartório, a possibilidade de
crescimento rápido, devido a toda a burocracia de promoções. Por conseguinte,
sabia que não podia arcar com uma família com os seus rendimentos.
Percebeu uma oportunidade de negócio. O dono da padaria local, estava se
desfazendo do negócio, uma vez que resolveu morar na capital, Vitoria. O valor
do negócio era tentador e suas economias já davam para uma entrada e depois
pagar parcelado com o lucro da padaria. Mas tinha um problema: Funcionário
Público não pode ter negócio. Este impedimento o deixou desanimado. Conversando
suas mágoas com um amigo, entre uma cerveja e outras, veio a solução: Comprar a
padaria em nome da noiva. Ela era solteira, maior e sem nenhum impedimento. Ela
mandou os documentos e procuração para o amigo e fecharam o negócio. Já que ele
nada entendida de padaria, ficou com os empregados e o gerente Murilo, que era
de confiança e tudo resolvia. Só existia um risco. A padaria estava em nome da
noiva em caso de término do noivado a padaria seria dela. Apesar do alerta dos
amigos, ele não teve duvidas, sabendo que aquela união seria para sempre, como
de fato ocorreu. Ele abria a padaria logo cedo, junto com o gerente, antes de
ir para o Cartório. Calculavam as compras e as previsões de vendas. No início
da noite, eles conferiam o caixa, como se dizia, faziam a "féria” que
depois de separados os miúdos para troco no dia seguinte e a reserva para
pagamentos da semana, eram guardados no Cofre. Dia a dia, ele aprendia as
nuances do negócio. Um ano depois resolveu que iria se casar, já que o pai da
noiva, Francisco, tinha falecido e a família dispersa, sendo que ela e as
irmãs, foram morar com a mãe Hortência, em Icaraí, Niterói. Mas tinha um
problema: a maioria dos moradores do município eram proprietários. Os
visitantes provisórios se hospedavam nas duas pensões existentes na cidade. Logo
as ofertas de casas para alugar eram nulas, já que as poucas disponíveis já
estavam alugadas. Mas logo a Estrela dele voltou a brilhar. A primeira casa da
rua de cima, junto a escadaria para a rua de baixo, no rio Santa Maria, onde
ficava a padaria de um lado e do outro o Cartório, estava indo a leilão. Os
herdeiros, moradores do Rio de Janeiro, não respondiam as intimações para
quitação de dívidas de anos, com a Prefeitura local. O imóvel foi a leilão pelo
preço mínimo. Como ele, mais uma vez, não podia participar, a noiva, por
procuração arrematou a casa. Depois de reformada e mobiliada eles marcaram o
casamento.
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