O construtor empreendedor

O construtor empreendedor

Seu Jajá era apaixonado por obras. Por isto mesmo deve ter ficado feliz com os filhos engenheiros, Paulo e Jacques. O Roberto se formou em economia. Depois de comprar o prédio da Padaria com os dois apartamentos, ele iniciou a carreira de construtor. A cada cinco anos, chamava um arquiteto e remodelava toda a padaria, do piso, balcões, iluminação, letreiros e até mesmo os uniformes dos funcionários. Como eram três portas, uma delas funcionava precariamente durante as obras. A reinauguração era festiva com doces salgados e bebidas, compartilhadas com os fregueses e funcionários. Ele também investia na área de produção. Depois de comprar o prédio da Padaria com os dois apartamentos, ele iniciou a carreira de construtor. A cada cinco anos, chamava um arquiteto e remodelava toda a padaria, do piso, balcões, iluminação, letreiros e até mesmo os uniformes dos funcionários. Como eram três portas, uma delas funcionava precariamente durante as obras. A reinauguração era festiva com doces salgados e bebidas, compartilhadas com os fregueses e funcionários. Ele também investia na área de produção. Cansado de depender dos masseiros e forneiros da produção, uma vez que quase sempre faltavam ou chegavam bêbados ao trabalho comprometendo toda fornada, ele decidiu fazer um curso, na Fleischman/ Royal, no Rio de Janeiro. Apendeu toda a técnica: a temperatura da água e do ambiente para que a massa pudesse fermentar adequadamente. Além disto a temperatura dos fornos a lenha era irregular. Quanto mais próximo da fornalha, onde são depositadas as madeiras a serem queimadas, maior a temperatura e consequentemente os pães ficam mais queimados, ao contrário dos pães posicionados longe dela que ficam brancos e crus. Chegou e implementou termômetro para a água e ensinou a turma como deveria ser o trabalho. Foi um sucesso e as vendas também. Por obra do destino ele foi obrigado a trocar também o forno. Explico: Como ele era fanático pelo Juscelino Kubitschek, então presidente do Brasil, ele planejou, com amigos, uma viagem até Brasília que seria inaugurada.  Seria uma farra, com quatro amigos, durante uma semana. Ocorre que ás quatro horas da manhã, do dia da viagem, o forno da padaria desabou e com ele a viagem. Partiu então para adquirir um forno moderno, onde a temperatura era igual em todos os pontos, graças aos tubos com vapor de mercúrio. Como o investimento era alto, ele resolveu convencer os seus amigos, donos de padaria, a comprar também. Seu Jajá vendeu vinte fornos, ganhou o dele, uma boa comissão e ainda foi visitado pelo Proprietário da Fábrica La Perfecta. Mas ele não parava. Já com uma boa reserva , comprou um terreno num Bairro promissor, Horto, em Vitoria, pediu um projeto a um arquiteto, contratou uma empresa de engenharia para construir. Um projeto espetacular, adequando a casa ao terreno, com inovações incríveis, como suíte e salão de jogos, isto em 1963. Moramos lá por seis meses. Depois ele vendeu e comprou o prédio da padaria.  Reformou os dois apartamentos e de novo a padaria. Mas continuou a sua saga. Comprou o direito de posse de dois terrenos numa avenida que quando da enchente da maré, ficavam alagados. Construiu um pequeno imóvel e deixou a empregada morar. Quando deixou Vitoria para acompanhar os filhos e parentes no Rio de Janeiro, vendeu por uma boa grana. Os terrenos nesta época já pertenciam a uma grande Avenida super valorizada. Mas ele não se contentava. Sempre passávamos férias de verão em Guarapari. Com a invasão dos mineiros na cidade, os capixabas optaram por um novo balneário, Jacaraipe, cerca de 20 Km de Vitoria. Seu Jajá, não perdeu tempo e comprou um terreno em frente à praia, chamou seu arquiteto preferido, Ricardo, primo do seu sobrinho Humberto, e fez uma delícia de casa, moderna e inovadora, que até os netos aproveitaram. Nesta época, ele acertou novamente na loteria. A primeira foi quando da construção da Usina Hidroelétrica de Rio Bonito em Santa Leopoldina. Agora ele ganhou o fornecimento de pães da a construção do Porto de Tubarão da Vale do Rio Doce. Era muito pão. A Kombi do Barriere (motorista) não parava A conta da Poupança, que Dona Conceição chamava de Merdança, continuava a subir. Daí um fato aconteceu. Roberto estava estudando Economia na Federal do ES. A estudar a cadeira de custos, resolveu fazer um estudo de custos da padaria. Como ele usou o custeio por absorção, que os custos são distribuídos em razão da produção, o custo maior ia justamente para a produção destinada ao contrato com a construção do Porto de Tubarão. O estudo mostrava que o negócio de Tubarão dava prejuízo.  Jajá ponderou dizendo: gasto muito dinheiro e as minhas reserva snão param de crescer. Ele tentou renegociar o preço por um valor maior e não foi atendido. Romperam o contrato. Os negócios pioraram com a redução do caixa e  foi necessário usar praticamente toda a reserva. Por sorte o novo fornecedor não atendia a contento. Chamaram de novo o Jajá, mas agora, com um condição inferior ao contrato original. Ele esbravejou com os filhos dizendo: usem as suas técnicas no Ministério da Fazenda (Roberto), Light (Paulo) e Vale (Jacques). no meu negócio mando eu. As coisas foram se ajustando e ele voltou a saga.   Comprou um terreno, num Bairro projetado, Jardim Cambury, só para agradar um amigo corretor. Ficava muito próximo a praia. O bairro começou a se desenvolver e quando eu vim para o Rio de Janeiro, notei que eles ficaram chateados de estarem sozinhos, fiz um projeto, modéstia à parte, maravilhoso, porque o terreno era pequeno, com 360 metros quadrados e a Dona Conceição queria, casa centro de terreno, jardim e quintal. Consegui. Ele construiu e moraram lá por pouco tempo e depois venderam.  Eles realmente ficaram entediados e sozinhos em Vitoria. Residiram vender tudo e partir para próximo dos filhos e parentes. Como era precavido, primeiro alugou um apartamento em Icaraí, Niterói, na Rua Joaquim Távora 110, próximo a praia. Depois comprou um de frente no mesmo prédio. Curtiram muito os parentes, nesta época, todos aposentados. Como gostavam muito de Guarapari, compraram um apartamento bem no centro e curtiram muito com os netos e filhos. Mas a saga de construtor não parava. Em 1990, com quase 70 anos, viu que o Jacques havia comprado em terreno, num condomínio fechado, em Miguel Pereira, RJ, e pretendia construir.  Como ele adorava obras, comprou um apartamento quarto e sala, muito bonitinho, com piscina e churrasqueira para acompanhar a obra. Comprou pela mixaria de US$ 5.000 e vendeu um ano depois por US$ 15.000. Nesta época, a inflação era alta e os negócios eram em dólares. Depois que os parentes faleceram, eles resolveram mudar para o Rio de Janeiro e compraram um apartamento na Rua Uruguai 505/701. O Apto estava acabado. Compraram por R$ 120 mil, reformaram, viveram felizes, venderam por R$ 720 mil alguns anos depois e mudaram para a Barra da Tijuca, onde passaram os últimos anos de suas vidas.

Comentários