Infância


A infância foi muito feliz. Logo cedo ia a cavalo com o pai para verificar os trabalhos na fazenda cujo principal produto de lavoura era o café. Ajudava a mãe na venda da fazenda e na alimentação dos animais: porcos, perus, galinhas e patos, além de cuidar da horta. Tinha também uma criação de carneiros que a criançada adorava porque tinha uma mini charrete que permitia passeios incríveis. Numa delas, os carneiros assustados com o latido dos cães, desceram o morro e o pequeno Jair não teve tempo de deixar a charrete e o seu suspensório ficou preso na rédea dos animais e foi arrastado morro abaixo ficando todo ralado. Felizmente nada grave que um mercúrio cromo não resolvesse. Fora isto era brincar, tomar banho de rio e cachoeira e aprender a ler com as demais crianças da região, com Dona Matilde, uma professora aposentada que prestava este serviço comunitário, ja que não existia escola na região. Aos sete anos precisando entrar na escola, disponível somente na sede do município, Santa Leopoldina, foi morar com a irmã Ester, já casada com o alemão Otto Teubner, que lá moravam. Ele era tratado e mimado como um filho já que eles ainda não o tinham. Foi matriculado na Escola Alice Holzmeiter. Estudava e brincava com os colegas que se tornaram grandes amigos. Fez por outra ia a capital Vitória com o seu tio Otto, que tinha um carro de praça, o nosso táxi hoje, que fazia o trajeto de cerca de cinquenta quilômetros, para os fazendeiros e comerciantes endinheirados. Toda a produção de café da região era trazida no lombo de burros até a cidade e de lá era transportado por canoas até o porto de Vitória pelo Rio Santa Maria. A cidade fervilhava com tanto progresso. Nesta época tinha cerca de vinte mil habitantes. Muitos produtos importados eram trazidos no retorno das canoas. Como a cidade tem origem Austríaca, muitos produtos europeus podiam ser vistos, como perfumes joias e roupas. O pequeno Jair ficava admirado com o agitado comércio da região. No mais era estudar, jogar futebol no campinho ao lado do cemitério local e no final um banho de cachoeira ao lado. Aos treze anos foi para Vitória para fazer o ginásio já que em Santa Leopoldina só se podia estudar até o primário. Como era comum os garotos de fora ficavam em pensões com dormitórios comunitários e com refeições, administrados por casais experientes e de confiança dos pais que pagavam mensalmente pelo serviço. Estava admirado com a cidade grande, com bondes e a praia que ele não conhecia.

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